quarta-feira, 30 de março de 2011

A DOUTRINA DE DEUS

I – A EXISTÊNCIA DE DEUS

A – Os Argumentos Naturalistas para a Existência de Deus.

1 – Cosmológico. Da palavra grega cosmos, “mundo”. O universo é um efeito que exige uma causa adequada, e a única causa suficiente é Deus:

Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. (Sl 19:1).

2 – Teleológico. Da palavra grega telos, “fim”. O universo não apenas prova a existência de um Criador, mas indica a existência de um arquiteto, um planejador:

A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça, porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus se manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das cousas que foram criadas. Tais homens são por isso indesculpáveis, (Rm 1:18-20). Há um propósito observável no universo que indica a existência de Deus como seu planejador.

3 – Antropológico. Da palavra grega anthropos, “homem”. Já que o homem é um ser moral e intelectual, deve ter um criador que também seja moral e inteligente:

Sendo, pois, geração de Deus, não devemos pensar que a divindade é semelhante ao ouro, à preta, ou a pedra, trabalhados pela arte e imaginação do homem. (At 17:29). A natureza moral, os instintos religiosos, a consciência e a natureza emocional do homem argumentam em favor da existência de Deus.

4 – Ontológico. Da palavra grega on, “existente, ser”. O homem tem a ideia inerente de um Ser Perfeito. Esta ideia naturalmente inclui o conceito de existência, já que um ser, em tudo mais perfeito, que não existisse, não seria tão perfeito quanto um ser perfeito que existisse. Portanto, visto que a ideia de existência está contida na ideia de um Ser Perfeito, esse Ser Perfeito deve necessariamente existir.

B – Argumentos Bíblicos para a Existência de Deus. Os autores bíblicos tanto presumem quanto defendem a existência de Deus.

II – OS ATRIBUTOS DE DEUS

A – Definição. Um atributo é uma propriedade intrínseca ao seu sujeito, pela qual ele pode ser distinguido ou identificado.

B – Classificações. A maioria de classificação dos atributos baseia-se no fato de que alguns deles pertencem exclusivamente a Deus (e.g., infinitude) e outros se encontram, de maneira limitada e num sentido relativo, também no homem (e.g., amor); assim a terminologia dessas classificações inclui incomunicáveis e comunicáveis; absolutos e relativos; imanentes e transitivos; constitucionais e pessoais.

C – Descrição. (Atributos absolutos, incomunicáveis ou constitucionais, números de 1 a 9.)

1 – Simplicidade. a. Significado. Deus é incomplexo, não composto, indivisível. b. Texto. João 4:24.

c. Problema. A simplicidade de Deus invalida a doutrina da Trindade? Não, porque a simplicidade tem a ver com a essência de Deus, e a Trindade com a sua subsistência.

2 – Unidade a. Significado. Deus é um.

b. Texto. Deuteronômio 6:4. Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único SENHOR.

3 – Infinitude a. Significado. Deus não tem término ou fim.

b. Texto. 1 Reis 8:27 ; Atos 17:24

4 – Eternidade a. Significado. Deus não está sujeito à sucessão do tempo. b. Texto. Gênesis 21:33 ; Salmo 90:2

c. Problema. Seria o tempo irreal para Deus? Não. Ele reconhece a continuidade dos acontecimentos, mas todos os acontecimentos, passados, presentes e futuros, são igualmente vívidos para Ele.

5 – Imutabilidade a. Significado. Deus é imutável em natureza e prática.

b. Texto. Tiago 1 :17.

c. Problema. Será que Deus muda de ideia ou Se arrepende? (Gn 6:6), como parece acontecer pela nossa perspectiva humana; ou seria isto uma expressão do decreto permissivo de Deus? Ou uma maneira antropomórfica de descrever aparentes mudanças no curso dos acontecimentos?

6- Onipresença a. Significado. Deus está em todo lugar (não em todas as coisas, que é o panteísmo).

b. Texto. Salmo 139:7-12.

7 – Soberania a. Significado. Deus é o governante supremo do universo. b. Texto. Efésios 1.

8 – Onisciência a. Significado. Deus conhece todas as coisas, reais e possíveis. b. Texto. Mateus 11:21

9 – Onipotência a. Significado. Deus possui todo poder.

b. Texto. Apocalipse 19:6. (Atributos relativos, comunicáveis ou pessoais, Números 10 a 14.)

10 – Justiça a. Significado. Equidade moral, imparcialidade no trato com Suas criaturas.

b. Texto. Atos 17:31

11 – Amor a. Significado. A busca divina do bem maior das criaturas na manifestação de Sua vontade.

Texto. Efésios 2:4-5.

12 – Verdade. a. Significado. Concordância e coerência com tudo que é representado pelo próprio Deus.

b. Texto. João 14:6. “...Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida...”

13 – Liberdade. a. Significado. Independência divina de Suas criaturas.

b. Texto. Isaías 40:13-14.

14 – Santidade. a. Significado. Retidão moral.

b. Texto. 1 João 1:5. “...Deus é luz, e não há nele treva nenhuma.”

III – OS NOMES DE DEUS

A. Nomes Primários do A. T.

1 – Javé (Yahweh). a. Significado. O Auto Existente (de Êxodo 3:14, “Eu Sou o que Sou”). b. Características. É o nome do relacionamento entre o verdadeiro Deus e Seu povo, e, quando usado, enfatiza a santidade de Deus, o seu ódio pelo pecado e amor aos pecadores.

2 – Elohim. a. Significado. O Forte.

b. Características. É uma palavra usada para o verdadeiro Deus e deus pagãos. É um substantivo plural, o chamado plural majestático. O plural permite a revelação subsequente da Trindade no N.T., mas não ensina a Trindade propriamente dita.

3 – Adonai a. Significado. Senhor, mestre.

b. Características. Usado para homens e Deus, e indica o relacionamento senhor-servo.

B – Nomes Compostos do A. T.

1 – Com El. a. El Elyon, traduzido por Altíssimo (lit., o mais forte dos fortes, Is 14:13-14).

b. El Roi, o Forte que Vê (Gn 16:13).

c. El Shaddai, traduzido por Deus Todo-Poderoso (Gn 17:1-20).

d. El Olam, o eterno Deus (Is 40-28).

2 – Com Javé a. Javé Jireh, o Senhor proverá (Gn 22:13-14).

b. Javé Nissi, o Senhor é minha bandeira (Êx17:15).

c. Javé Shalom, o Senhor é paz (Jz 6:24).

d.Javé Sabbaoth, o Senhor dos Exércitos (1 Sm 1:3

e. Javé Maccadeshkem, o senhor que te santifica (Êx 31:13).

f. Javé Raah, o Senhor é meu Pastor (Sl 23:1).

g.Javé Tsidkenu, o Senhor justiça nossa (Jr 23:6).

h. Javé El Gmolah, o Senhor Deus da recompensa (Jr 51;56).

i. Javé Nakeh, o Senhor que fere (Ez 7:9).

j. Javé Shammah, o Senhor que está presente (lit., lá), (Ez 48:35).

IV – O DECRETO DE DEUS

A - Definição. “O decreto de Deus é o seu eterno propósito, segundo o conselho de Sua própria vontade, pelo qual, para Sua glória, Ele preordenou tudo que acontece.”

B - Termos Relacionados. 1. Onisciência. Conhecimento de todas as coisas, reais ou possíveis. 2. Presciência. Conhecimento prévio de todas as coisas incluídas no curso real dos eventos. 3. Predestinação. A determinação prévia do destino dos eleitos. 4. Retribuição. Punição merecida dos ímpios. 5. Eleição. A escolha de um povo por Deus para Si mesmo. Preterição. A omissão dos não-eleitos.

C – A Natureza do Decreto. 1. Há apenas um decreto, que envolve tudo, embora no desenrolar dos acontecimentos haja sequência constante. Há, também, uma distinção conveniente entre decretos permissivo e diretivo. 2. O decreto é todo abrangente (Ef 1:11), embora Deus não tenha o mesmo relacionamento com todas as coisas nele contidas. 3. Nem todos os desejos de Deus estão necessariamente incorporados ao decreto. 4. Tudo que Deus decretou tem como fim único a sua glória. 5. O mal não se torna bem simplesmente pelo fato do pecado ter sido incluído como parte do propósito de Deus.

D – Objeções ao Decreto. 1. Não é coerente com a liberdade humana. (todavia, todos os meios, como oração e testemunho, por exemplo, são parte do plano de Deus.) 2. O decreto torna Deus autor do pecado. (Embora Deus tenha incluído o pecado em Seu plano, Ele nunca é responsável pela prática do pecado.) 3. A doutrina do pecado é equivalente ao fatalismo. (O fatalismo enfatiza apenas os fins e faz do acaso, não de Deus , o poder governante.)

V – A TRINDADE

A – Definição. Há apenas um Deus, mas, na unidade da Divindade, há três pessoas eternas e iguais entre si, idênticas em substancia mas distintas em existência (ou subsistência).

B – Prova. 1. Indícios no A.T. O A.T. não revela a Trindade mas dá lugar e indícios para uma revelação posterior. a. Passagens que usam a palavra plural Elohim e pronomes plurais para se referirem a Deus (Gn 1:1, 26; Is 6:8). b. Passagem que falam do Anjo do Senhor (Gn 22:11, 15-16).

2. Confirmações no N.T. No N.T. há revelação clara de que Pai, Filho e Espírito são DEUS; assim uma Triunidade ou Trindade (nenhuma das duas palavras está na Bíblia).

a. O Pai é Deus (Jo 6:27; Ef 4:6).

b. Jesus Cristo é Deus (Hb 1:8).

c.O Espírito é Deus (At 5:3-4).

d. As três pessoas são igualmente associadas e apresentadas como um só ser (Mt 28:19, “nome”; 2Co 13:13).

VI – O PAI

A – Os Relacionamentos do Pai.

1 – Pai de toda criação (At 17:29).

2 – Pai da nação de Israel (Êx 4:22).

3 – Pai do Senhor Jesus Cristo (Mt 3:17).

4 – Pai dos crentes em Cristo (Gl 3:26).

B – As Obras Específicas do Pai.

1 - Autor do decreto (Sl 2:7-9).

2 – Autor da eleição (Ef 1:3-6).

3 – Comissionador e Enviador do Filho (Jo 3:16).

4 – Disciplinador de Seus filhos(Hb 12:9).

RYRIE, Charles C. Resumo da Doutrina Bíblica. In: A Bíblia Anotada. São Paulo. Mundo Cristão, 1994.