segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Sertaneja

Sertaneja,
Por que choras quando eu canto?
Sertaneja,
Se este canto é todo teu...
Sertaneja,
Prá secar os teus olhinhos
Vai ouvir os passarinhos
Que cantam mais do que eu.


Quando ouço ou leio essa maravilha, só me vêm à memória a figura, hoje, frágil, de uma das mais bravas sertanejas que eu já vi. Dessas que não se deixa abater, que não se deixa quebrantar, mesmo, hoje, como já disse, frágil, é como bem disse o salmista, inabalável, como o monte de Sião!


Desde a sua infância, aliás, como ela mesmo disse, que descobriu ao longo do tempo que, "foi uma menina que não teve infância", trabalhou, desde os sete anos, para ajudar seus pais na roça, isso a partir das cinco horas da manhã, para espantar os pássaros, que se dispersavam, mas quase sempre voltavam em busca de uma semente, era preciso ficar sempre esperta, mesmo sendo tão cedo e ela tão criança!

Mas, minha personagem, cresce, desabrocha coma uma flor, fica uma jovem linda e, passa a ser cobiçada, ou como ela mesma conta, "perseguida pelos rapazes que vinham atrás de mim!" Ficava certamente, lisonjeada, como é próprio dos jovens nesta fase maravilhosa da vida, mas eles perdiam o seu tempo, o coração da minha sertaneja não dominava mais seus impulsos, já não lhe pertencia mais, lhe fora roubado aos desesseis anos, na festa do Rosário, como diz ela, "foi um impulso, levantei os olhos para um homem pela primeira vez. Ali começou a minha história com o José." O Zé Madalena, aquele do terno branco, gravata vermelha e, sapato de bico chocolate e, que tinha muitas muitas namoradas! Mas seu coração, também foi fisgado pela minha sertaneja!

Certamente a pergunta que o Drumond faria no seu poema, era para o Zé Madalena. E AGORA JOSÉ? Na verdade, ali se iniciava uma bela e fascinante história de amor, desses, que talvez não existam mais, e que os nossos novelistas ainda não tiveram a inspiração para criar.
Casaram-se, curtiram e curtem até hoje esse grande amor! Constituíram uma família maravilhosa, linda! Miriam, nossa Mira, Tia Marise, Faustino Jr., o tio Zeza, Josebias, o Tod, doutor em resistências dos materiais, Marinese, a querida tia Neze, Moacir, o nosso amado, tio Moa, Débora, nossa Débora, ainda hoje, para mim, Frebel e Marcos Vinícios, nosso camarada amigo! Todos, sementes maravilhosas, germinadas desse amor e concedidas por Deus.
A sertaneja a quem me refiro, nestas linhas é Dona Chica, Dona Preta, Vovó Quica, Dona Francisca, esposa, mãe, sogra, poeta e, agora também a escritora, Francisca Serafim dos Santos, que acabou de lançar "A menina que espantava pássaros.", livro em que relata a sua história da sua vida. Parabéns, minha sertaneja, e que a senhora continue a sua missão de "espantar pássaros, para proteger sementes preciosas!
Joaquim.

5 comentários:

  1. Belo... dizer mais seria redundante e desnecessário. Parabéns pelo retorno ao blog.

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  2. valeu Jô...que voce continue sendo esse cara que aprendemos a amar. Inté.

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  3. Muito bom, Tio. Gostei muito de "A menina que espantava pássaros".
    Tiago.

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  4. Achei um belíssimo texto!! Uma coisa que realmente saiu do seu coração e foi direto para as páginas desse blog :)

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  5. É o mais fiel resumo do livro ao qual se refere o texto.Parabéns!

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